Diferenças de critérios

Um trabalhador da City, Jonathan Paul Burrows, foi proibido de trabalhar no sector financeiro porque, durante anos, usou um esquema para não pagar a viagem de comboio diária que fazia. O crime era tão simples como entrar numa estação de província, sem controlo de entradas (por torniquetes ou cancelas) e, depois, sair em Londres usando o passe que cobra apenas as viagens dentro da cidade. Burrows já pagou entretanto o que devia…

A Autoridade para a Conduta Financeira julgou inadmissível ter uma pessoa com esta conduta a trabalhar num sector tão sensível à honorabilidade dos seus intervenientes.

O contraste é marcante quando comparamos com Portugal. Temos o exemplo do Ricardo Salgado que recebe presentes de milhões de euros, que não os declara às finanças e aproveita depois a lei amnistia para “legalizar” esse dinheiro. Para o Banco de Portugal isso não é suficiente para retirar o reconhecimento de idoneidade a Ricardo Salgado e com isso retira-lo da actividade bancária.

Para que serve então o BdP? – Para falhar no caso do BPN, no caso do BPP, no caso do BES, etc, etc, etc…

Tortura da CIA

Mais uma vez não se trata de novidade nenhuma, o relatório do Comité do Senado dos EUA mais não faz do que confirmar o que já se sabia há muito, graças a fugas de informação como aquelas que nos deram a conhecer os afogamentos simulados ou as torturas de Abu Ghraib.

O relatório também confirma o que qualquer pessoa minimamente inteligente já sabia: a tortura não funciona. A pessoa torturada confessa todos os crimes, reais e inventados, assina todas as confissões. Ou seja a informação recolhida é de qualidade variável e, por isso, não é de confiança.

Se ao anterior somarmos a perda de autoridade moral associada ao uso de tortura, concluímos que só criminosos muito burros usariam tais técnicas.

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Os bancos não são pessoas de bem: JPMorgam paga 9000 milhões para não ser processado

Os maiores bancos norte americanos têm pago avultadas multas devido ao seu comportamento predatório e inconsciente que ajudou a mergulhar o mundo na actual crise. As multas são grandes e parece que a justiça está a ser feita. No entanto não é bem assim, os montantes apesar de serem muito elevados não passam de trocos para estes bancos e, muito pior que isso, os crimes que foram perpetrados são escondidos, os bancos conservam por isso, até certo ponto, a sua aura de credibilidade e honra, onde não existe um átomo dessas qualidades. Além disso, as pessoas culpadas destes crimes safam-se sem um arranhão, muitas vezes recebem até bónus e, até os mais estúpidos entre eles, percebem que o crime compensa. Que incentivo têm para agir de outra forma? Quem faz uma aposta em como estes criminosos não vão reincidir? – Só um louco. Mas é exactamente o que as autoridades americanas e europeias têm feito e estão a fazer. Apostam que agora os banqueiros se vão comportar. Não admira que depois de seis anos de crise não haja luz ao fundo do túnel.

Matt Taibbi, da Rolling Stone, faz mais uma denúncia das práticas fraudulentas e mostra como foram varridas para debaixo do tapete, mostra como as próprias autoridades colaboram em toda esta fantochada. O padrão é conhecido

Os bancos não são pessoas de bem: 5 bancos multados em 4250 milhões de dólares

Mais um escândalo no mercado de divisas que não chegará às primeiras páginas dos jornais nacionais, não será discutido e sobre o qual os comentadores não comentarão…

Edição: notícia no “The Guardian”.

Acabou a guerra no Afeganistão

Aposto que não deram por ela!

A guerra vai acabando de mansinho, talvez para facilitar o retorno quando for mais conveniente.

Bases da NATO no Afeganistão passam para o exército do país Cache

  • Data: 2014-10-26 16:18
  • Fonte: Público
  • Autor: Redacção
Foi um “dia histórico” que assinala o início do fim da presença coligação internacional e da guerra contra os taliban. O desafio agora é de Cabul. Ao fim de treze anos, as bandeiras norte-americana e britânica foram arrumadas nas duas bases da coligação internacional da NATO no Afeganistão. A cerimónia assinala o fim iminente da missão, mas a retirada dos militares não vai ser feita de imediato. As duas bases militares no Sudoeste do país, Camp Leatherneck e Camp Bastion, passam agora para a administração afegã do Presidente recém-eleito, Ashraf Ghani.

Os bancos não são pessoas de bem: Como a Goldman Sachs e outros bancos controlam o FED

Mais um escândalo que está a rebentar. Carmen Segarra, antiga auditora do FED, gravou dezenas de horas de conversas com os bancos e com os seus colegas no FED. Mostra-se que os auditores são conciliadores com os bancos, não criam atritos e fazem apenas o que lhes mandam, quando deviam ser inquisidores, ter pensamento crítico e usar todos os instrumentos que têm à disposição para controlar os bancos. Chamam a isto regulatory capture, ou seja o processo pelo qual os auditores são capturados pelo auditado, transformando-os assim em meros fantoches. E estamos a falar do FED, não acredito que no BdP ou BCE seja melhor.

Um dos exemplos que é exposto é o do negócio do Santander com o Goldman Sachs, processo pelo qual o GS assumia (por um fee) a posse de certos papeis do Santander, apenas o tempo suficiente para este último passar nas auditorias da respectiva entidade reguladora! Tudo normal, portanto…

A Falência exótica do BES

http://www.youtube.com/watch?v=raH6wRmu1us

Não percebo o motivo de tentarem encontrar soluções não testadas para a questão do BES. O BES, efectivamente, está a ir à falência, apenas o está a fazer de uma forma perigosa e não convencional.

Em termos de reputação o efeito é idêntico, está destruída a reputação do BdP e do BES nem se fala. Em termos de problemas na justiça, aposto, que a confusão ainda vai ser pior do que uma falência convencional dado que não temos um quadro de referência conhecido para lidar com as disputas que vão surgir por todo o lado. Em termos de protecção aos depositantes, os depositantes são os primeiros credores num banco, logo estariam protegidos, se assim não fosse então o buraco no BES ainda é maior do que o apregoado e, nesse caso não sabemos o que estamos a salvar e vai-nos ficar muito mais caro do que os seis mil milhões anunciados.

Ou seja, este “salvamento” é tudo menos a melhor solução. A melhor solução seria deixar os mercados funcionar. Se o banco tivesse de ir à falência seria imediatamente posto sob administração judicial (podia-se nomear perfeitamente a actual administração para o fazer, até podiam mudar o nome do banco para “banco bom”!). A seguir começava-se a quitar os credores de acordo com as regras conhecidas, em primeiro lugar os depositantes, depois os credores obrigacionistas, depois os obrigacionistas subordinados e, finalmente, os accionistas.

Que raio de mensagem se dá a um pequeno accionista que foi incentivado a participar no aumento de capital (autorizado pelo BdP) há tão pouco tempo? A mensagem que se dá é que estes senhores não fazem a mais pequena ideia do que estão a fazer. Não é de admirar, se assim não fosse a crise não se arrastaria à seis anos.

Granadeiro Formula 1

Ainda bem que temos tão bons gestores, ainda no dia 30 era enviado um comunicado à CMVM que tranquilizava os investidores:

Agora, a administração da empresa veio reafirmar que se trata mesmo de um investimento de curto-prazo, com 847 milhões de euros, do total de 897 milhões, a vencerem já a 15 de Julho, enquanto os restantes 50 milhões vencem a 17 de Julho. Os investidores reagiram positivamente ao comunicado, uma vez que as datas em que vence o papel comercial são realmente próximas, tranquilizando, assim, quanto à capacidade de cumprimento.

Parece que, menos de um mês depois, Granadeiro perdeu a sinecura e a PT vai tentar lutar pelas migalhas com os outros credores do GES…