Nas palavras dos banqueiros portugueses, os bancos gozam sempre de uma saúde invejável, passam todos os testes e não necessitam de ajuda de ninguém. Só que isso são redondas mentiras. Por exemplo hoje corre o rumor que o bancos portugueses não passaram os testes de stress da Autoridade Bancária Europeia.
Mas as fraquezas dos bancos vêm de muito mais longe, devido fundamentalmente à falta de ética, à ganância e à pouca inteligência dos banqueiros portugueses, bem como à criminosa complacência do regulador. Sintomas do que estou a dizer são:
- No livro “Uma Tragédia Portuguesa” de António Nogueira Leite, lê-se na página 177/178:
Ele [Félix Ribeiro] numa entrevista que deu neste Verão de 2010 ao Público, referiu um estudo que foi feito para a Associação Nacional de EMpreiteiros e Obras Pública, em que se mostra que a construção, por si só, representa 8% do PIB em 2009, mas que to o cluster da construção no sentido mais alargado, ou seja, materiais de construção, promoção imobiliária, serviços ligados à habitação e obras públicas, representam 18% do PIB. [ … ] O que é extraordinário é que este sector absorvia 72% da totalidade de crédito concedido pelo sistema bancário
Os negritos são meus. Se esta situação não é o retrato de uma economia insustentável, então não sei o que é;
- No dia em que José Sócrates formaliza o pedido de ajuda à Troika, a “Moody´s baixou rating de sete bancos portugueses“;
- Em 1 de Junho o economista Jorge Landeiro avisa que existe em Portugal uma bolha imobiliária de 90 mil milhões. A maior parte deste montante está nas contas dos bancos na forma de créditos concedidos. Como é que os bancos vão recuperar estes créditos que distribuíram de forma tão irresponsável?
- Os bancos foram os primeiros a beneficiar da ajuda da Troika. Talvez mesmo os únicos! E já se preparam para pedir dinheiro emprestado com a garantia de todos nós.
Tudo isto faz o desenho de um sector que está falido e que quer falir os portugueses. Deixem os mercados funcionar, deixem os bancos ir à falência.
Há mãos que lavam mãos e o estado+banca encaixam neste padrão que nem uma luva. Os bancos andaram durante muito tempo a alavancar a economia e o estado. Não o fizeram por caridade, claro. Mas sem isso, o FMI teria chegado mais cedo. Agora, o atraso tem um preço…