É quase universal o descontentamento com esta simulação de governo que temos. Julgo que não há uma pessoa sensata que não esteja farta do Sócrates, dos estudos dele e de todas as histórias de incompetência, corrupção e exercício de mesquinhos poderes que aparecem todos os dias. Por isso eu também estou feliz por nos livramos desta troupe, e quanto mais cedo melhor.
No entanto não oiço ninguém falar no que vamos fazer a seguir. Eu, pela minha parte, não vejo muitas soluções.
Eis como eu entendo o problema em que estamos metidos:
Somos um país que vive acima das suas possibilidades há décadas. Já tive oportunidade de ilustrar isso num post aqui no Aventar. Esta situação é sempre insustentável, o crescimento económico apenas pode mitigar a situação.
As contas são simples quanto baste, se eu tiver um negócio que necessite de pedir 100€ emprestado, esse negócio tem obrigatoriamente que gerar os 100€ mais o juro correspondente.
O problema é que temos estado a pedir dinheiro emprestado não para aplicar em negócios que se pagam a eles mesmos, mas sim para pagar despesas correntes que por definição não geram mais riqueza. Se não geramos mais riqueza deixamos de conseguir pagar o juro.
Isto levanta um problema interessante, se somos forçados a pedir dinheiro emprestado para pagar juros (por sermos improdutivos), então vamos acabar por pagar juros sobre juros. Mais uma vez as contas são muito simples. Voltando ao empréstimo de 100€, se a taxa de juro for de 5% e se tivermos de, para simplificar, pagar o empréstimo ao fim de um ano, o juro é 5€. Se pedirmos emprestado mais 105€ para pagar o capital e o juro do empréstimo anterior, e se este empréstimo tiver um juro de 8% vamos pagar no final 113.4€. Conclusão para um capital de 100€ acabámos por pagar uma taxa de juro de 13.4%. O pessoal das finanças chama a isto juro composto. Eu chamo-lhe queda para o abismo.
A situação que descrevi é evidente para todos os actores políticos e corresponde à situação em que o país está, tanto a nível do estado como a nível dos privados (estes últimos ainda em pior situação).
Infelizmente os nossos políticos ficam-se apenas pelas generalidades quando se trata de apontar soluções. Da esquerda à direita, todas as posições acabam por cair nas seguintes duas opções (com nuances para agradarem aos respectivos seguidores):
- Estimular o crescimento económico suficiente para pudermos pagar as nossas responsabilidades (e estou a falar tanto das responsabilidades do estado como dos privados que, importa reforçar, ainda estão pior);
- Reduzir a despesa e aumentar as receitas do estado para que este pague as suas dívidas;
Na minha opinião qualquer estimulo ao crescimento da economia em geral que se faça agora só vai dar frutos a médio longo prazo. O estado ao reduzir as despesas e aumentar as receitas está ele mesmo a provocar a recessão.
Assim penso que só nos resta aguentar este período difícil. Em retrospectiva teria sido muito fácil deixar os bancos caírem, mas isso, nós sabemos, nenhum partido no governo ou na oposição faria, não se morde a mão do dono…
Helder, excelente ‘post’.
A maioria do País não imagina sequer uma pequena parte dos problemas com que está confrontada e as consequências da fortissima dependência externa, por força dos débitos público e privado ao exterior de que falas.
O Sócrates é um aldrabão, de quem estou sasturado como tantos e tantos portugueses. No entanto, também a alternativa laranja não tem gente em condições para pegar no País. Saltamos do Sócrates para o Coelho e vamos parar ao mesmo. Além de PPC não anunciar, de facto, com mínima clareza qual o programa político, económico e social a submeter ao País, também é verdade que a calamidade da dívida chegou a tal ponto que quem lhe imporá o caminho é a Zona Euro tutelada pela Sra. Merkel. E o Coelho baixa as orelhas e obedece.
Enfiaram-nos numa camisa de sete varas e…vamos continuar a ver e sentir na pele o que nos será feito, seja por um ou por outro.
As juventudes partidárias, PS e PSD em especial, fabricaram estes bonecos que, de estadistas, nem sequer são imitação rasca comprada na loja do chinês.
Obrigado!
É assustador como são ignoradas, por todos os partidos, as mais elementares regras – simplesmente não temos dinheiro que chegue. É claro, como dizes, o PS/D são os piores culpados e são os partidos com maiores responsabilidades – não creio que consigam, por eles mesmos, mudar os seu modos, não se consegue alterar a natureza destes animais.